terça-feira, janeiro 31, 2006

Dúvidas


Será que a verdadeira felicidade existe ou é apenas mais uma quimera, mais um sonho utópico de minha mente ensandecida?
Deverei contentar-me com o destino que me fora designado ou deverei forjá-lo a ferro e fogo, moldando-o conforme eu almeje?
Deverei aguardar até que chegue a minha hora de ser feliz ou deverei lutar, pelejar para construir este momento agora?
Deverei esperar, pacientemente, que a felicidade venha bater à minha porta ou deverei sair em demanda dela?
Deverei viver o presente sem futuro no amanhã ou deverei viver o amanhã sem esperança no presente?
Conseguirei, algum dia, encontrar a felicidade simples e inocente como outrora?
Conseguirei, algum dia, obter êxito nesta minha jornada insana ou serei mais um fracassado como tantos outros seres fúteis?
Tornar-me-ei ou tornei-me mais um ser frívolo, sem valia alguma, apenas tolerado e fadado ao esquecimento?
Tantas dúvidas, tantas variáveis, já não sei mais o que fazer.
Talvez a solução para tudo isto, como disse um velho poeta, seja morrer.

sábado, janeiro 28, 2006

Pra quem desacreditou

À todos aqueles que subestimaram minha capacidade e desdenharam dos meus anseios.
Àqueles que jamais acreditaram que eu tivesse competência e torceram, mesmo que inconscientemente, para o meu fracasso.
Àqueles que um dia disseram que eu não suportaria a caminhada, pois ela é árdua e outros mais fortes não suportaram e sucumbiram.
Àqueles que zombaram das minhas escolhas.
À todos que me julgavam ser um fraco e derrotado.
Eis o meu muitíssimo obrigado, porque sem vocês eu não estaria onde estou.
Sem o desafio de vocês, talvez eu não tivesse me esmerado tanto para conquistar tudo que almejo.
Quiçá eu não teria nem ao menos chegado aonde cheguei.
Hoje estou aqui, firme e forte na caminhada.
Com esperança e a certeza de que um amanhã ainda melhor me aguarda, mas não sem antes lutar e pelejar para ter o mérito de conquistá-lo.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Por quem elas caem

Não há palavras, apenas lágrimas
Não há tristeza, apenas saudades
Meu viver, meu querer
Minha inspiração, minha motivação
A estrela que me norteia, o amor que por mim semeia
Agora chega de palavras...
Na folha já molhada caí a última lágrima

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Que falta me faz IV


Estávamos de férias e fomos visitar nosso pai em Porto Alegre. Na época morávamos em Tubarão. A viajem era fatigante, demorava horas e horas para chegarmos ao destino final. Ônibus parando em tudo quanto era cidadezinha, gente subindo e descendo às dezenas. Todos adultos, as poucas crianças que tinha no ônibus viajavam acompanhadas por adultos, exceto nós. Sempre viajamos sozinhos, tendo como compania somente o outro (pouco tempo depois já viajávamos completamente sozinhos. Ora eu, ora ele, como se fôssemos adultos também). Logo ao chegarmos à rodoviária, exaustos diga-se de passagem, o coração disparava e pela janela já se podia ver nosso pai nos esperando. Sorriso largo no rosto, cabelo grande, barba. Era um sujeito inconfundível, que mesmo depois de passar certo tempo sem o ver, não havia como se enganar. Descemos correndo e pulamos em cima dele, abraço apertado, longo e demorado daqueles que nos faz faltar o ar e que somente a saudade e o amor são capazes de nos proporcionar. Com a felicidade estampada nos rostos seguimos para casa do meu pai. Já não me recordo onde era. Desta viagem, além disto lembro-me de pouca coisa. Visitamos parentes, jantamos fora, fomos à shoppings...
Era um domingo de sol na fria capital gaúcha e fomos à Redenção – o maior e mais belo parque da cidade. Comemos algodão-doce, jogamos bola e conhecemos outras crianças que se juntaram à nós nas brincadeiras. Alugamos bicicletas e pedalamos por todo o parque. Dei um tremendo azar, a única bicicleta que havia “sem rodinhas” não se equiparava nem de longe com a que meu irmão havia escolhido. Eu tinha verdadeiro fascínio pela coragem e destreza do meu irmão ao dirigir uma bicicleta “sem rodinhas” em alta velocidade. Ele sempre tinha de diminuir o ritmo para que eu pudesse alcançá-lo. Hoje sei que muitas vezes ele me deixava ultrapassá-lo e depois fazia de conta que havia perdido a corrida para mim, somente para me alegrar. Mas ele jamais confessou isto.
Não sei bem se todas estas memórias aconteceram exatamente assim. Mas são assim que elas se encontram em meio às minhas lembranças. Talvez minha mente ao “ver” as fotos deste dia, tenha apenas criado toda esta história para que as fotos fizessem sentido. Talvez alguns resquicíos de memória sejam verdadeiros e minha mente apenas tenha completado a história. Ou talvez todos estes fragmentos sejam reais e aconteceram mesmo. A única lembrança que tenho certeza absoluta de que é autêntica, foi a felicidade que senti naquele dia. Isto sim foi real e quiça por este motivo eu não tenha esquecido deste dia, assim como esqueci de tantos outros.
Um dia que, analisado friamente, não teve nada demais. Um dia comum para qualquer outra criança. Com brincadeiras, doces, tombos, machucados... Acompanhada do pai, do irmão e de novos amigos, feitos ali mesmo na hora, durante as brincadeiras em meio à multidão. Mas que ao ser recordado e vivido novamente através de fotos ou da própria memória, faz renascer a esperança dentro de mim. Desperta a alegria e atiça minha mente. Me faz sonhar com o futuro que outrora eu imaginava. E hoje já vivo o futuro de antigamente. Não no fantástico mundo da imaginação, mas aqui mesmo, na fria e cruel realidade. Que sob a luz de dias como este, se mostra afável e aconchegante. Perde sua máscara temível e horrenda, e se mostra tão bela quanto o sorriso de uma criança. Uma criança que nada teme, que é amada e bem tratada. Ah! Quem dera todos os dias fôssemos crianças...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Que falta me faz III


Quando criança tudo era tão diferente. Era tão fácil dialogar com as pessoas, fazer novos amigos... Você simplesmente chegava dava um "oi" e já eras, tava feita uma nova amizade! Antes eu era bem despachado, qualquer um que chegasse em minha casa eu já ia logo indagando alguma coisa e me metendo nas conversas. Depois fui ficando mais acanhado, mais tímido. A ponto de quando tinha visita em casa não sair do quarto para não ter que dar "oi" para ela.
Já sou da geração que adotou o vídeo-game como principal forma de entretenimento. Mas mesmo assim ainda brinquei muito no meio da rua com outras crianças. Lembro muito bem que jogávamos bola, apostávamos corrida (100 metros rasos e maratona. A maratona era uma volta no quarteirão inteiro!!! Algo assombrosso na época), soltávamos pipa... Isso sem falar nas inúmeras outras atividades que exercíamos: apertar campainha e sair correndo, quebrar vidraça das casas com pedras, atiçar cães bravos e sair correndo, caçar lagartos com uma Labradora que eu tinha (fazíamos lanças com cabo de vassoura e ponteiras de ferro das grades dos vizinhos), fazer rinha de cachorro, estourar rojão...
Também me diverti muito com as brincadeiras clássicas como: pega-pega, enconde-esconde, pé na bola, garrafão e a predileta de toda a gurizada, polícia pega ladrão. Essa era disparada a melhor de todas! E melhor ainda quando éramos os bandidos... era diversão garantida!!!
Estas brincadeiras reuniam várias crianças do bairro, às vezes até quase todas dependendo do tamanho do bairro. Branca, preta, rica, pobre, alta, baixa, magra, gorda... crianças de todos os tipos se divertindo juntas sem nenhum preconceito. Lógico que de vez em quando uma ou outra se desentendia e o pau pegava mesmo! E lá ía aquela que apanhou, cabisbaixa e chorando, contar para sua mãe o que havia acontecido... Umas mais ousadas juravam vingança e nem saiam de onde estavam. Apanhar na rua e contar para a mãe era coisa de "mulherzinha"! Após a briga todas diziam: "Nunca mais fala comigo!!! Não sou mais seu amiguinho!!!". No outro dia após a aula, já estavam todas juntas novamente correndo e rindo rua afora. Crianças, tão puras e inocentes...
Hoje praticamente nada mais disso existe. Algumas destas brincadeiras estão em extinção. As crianças de hoje não são mais crianças, não têm mais a mesma pureza e inocência que antigamente. Antes se era criança mesmo, até os 10 anos eu acho. Hoje no máximo até os 7 e olhe lá!!! Computador e vídeo-game talvez sejam os principais culpados por isso. Brincadeiras virtuais, amigos virtuais... crianças crescem num mundo sem magia, sem o encanto de usar a mente como a maior forma de diversão. Pois o que seria das nossas brincadeiras, que não contavam com nenhum recurso multimídia, sem a força da nossa imaginação???
Claro que as crianças de hoje têm muito mais amizades do que as de antes. Basta dar uma olhada no Orkut. Algumas chegam a criar diversos "perfis" afim de poder dar conta do número de amigos. Não sei se realmente se conhecem, mas que juram amizade uma pela outra, ah juram! Antigamente não! Amigo era amigo mesmo! Tinha de se ver todo dia, brincar junto, aprontar junto... Havia contato e diálogo. Era muito fácil fazer amigos, amigos de verdade... Mesmo sendo novo no bairro, logo logo você já estava correndo com as outras crianças. Hoje se tem amigos aos montes, mas aqueles que você pode estufar o peito e falar de boca cheia: "este é de fé!"; estão se estiguindo junto com as brincadeiras de outrora... Haverá alguma ligação nisso?

terça-feira, janeiro 17, 2006

Que falta me faz II

Ontem, cheguei do curso e ficamos conversando (Seco, Pipoka e eu) sobre os tempos que se foram. Eiiita conversa boa! Altas gargalhadas, daquelas de doer a barriga, faltar o ar e correr lágrimas dos olhos! Relembramos tanta coisa que eu já havia esquecido...
Tantas pessoas, tantas histórias... Escrevendo tais histórias dava para preencher um livro daqueles bem volumosos!
Nostalgia total!!!
Fatos que ocorreram e que jamais se repetirão. Coisas que fazíamos quando mais novos e que hoje não vejo ninguém mais fazer.
Amizade de verdade!
Companheirismo e lealdade!
Cumplicidade!
Palavras tão estranhas e adversas aos tempos atuais...
Ninguém precisava provar nada para ninguém. Amizade era sentida e não falada!
No meio da madrugada lembrei-me de uma pessoa. Loira, cabelo liso, pele clara, tinha um jeito todo especial de ser. Todos a amavam, queriam ser seu amigo e muitos algo mais. Tive o privilégio de ser muito íntimo dela. Convivíamos diariamente, festas, concentras, horas e horas de debates sobre os mais variados temas. Mas um dia ela partiu e consigo levou um pouco de todos nós que ficamos. Com o passar dos anos perdemos contato... Porém o sentimento de amizade e o apreço por esta pessoa jamais se extinguiu. Ontem em meio à tantas lembranças uma pergunta não me saía da cabeça: "Por onde andará esta guria???".
Perdi seu telefone faz tempo, seu e-mail eu acho que não mais existe... Hoje vou procurar seu telefone em meio ao caos do meu cafofo. Talvez eu dê sorte e o encontre, quem sabe...
Dias atrás num questionário que recebi no e-mail, havia uma pergunta que indagava o seguinte: "Quem te marcou?". Respondi que todas as pessoas que conheci deixaram sua marca. Algumas apenas superficiais que com a ação do tempo sumiram ou quase se apagaram por completo. Porém, há pessoas que deixaram marcas profundas, tão profundas a ponto de tocar em meu cerne e deixar uma cicatriz eterna, que jamais deixará de existir.
Ah! Que saudade de outrora...

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Que falta me faz

Sinto tanto tua falta
Desde que você partiu
Não há mais felicidade
Não tenho mais ânimo
Apenas saudade
Quando chego em casa,
Luz do quarto apagada,
Cama vazia,
Tudo denuncia tua partida
Ah velha nostalgia!
As noites agora são mais frias
E o silêncio da madrugada me castiga
Não ouço mais tuas gargalhadas
Não sinto mais o conforto da tua presença
Nem o cheiro do teu perfume
Carente, procuro teu colo
Quero ouvir tuas histórias,
Lembrar de outrora
Pensamento voa...
Remonta tempos passados,
Em que a vida ainda era doce
Inocentemente doce...

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Vento Deserto

Sou o vento,
Mas não um vento qualquer
Sou um vento solitário
Que vive a soprar,
Aqui, ali e também acolá
Não sigo caminho, nem tenho rumo
Soprando pelo mundo me sumo
Hoje aqui, amanhã em qualquer outro lugar
Voando sem parar
Sem destino, sem paradeiro...
Em minha jornada não há companheiro
Intangível, não posso ser tocado
Invisível, não posso ser visto
Por este motivo,
Quase sempre sou ignorado
Ando só, abandonado...
Vôo veloz, enfurecido
À busca de algo escondido
Fatigado de tanto procurar
Um dia minha missão cessará
Derrotado pelo acaso,
Ou terá sido apenas o meu fado?
Não fará diferença,
Pois não haverá volta
No fundo d'alma,
Restará apenas revolta
A revolta e o pesar
De saber que um dia estive tão perto
Mas por ser covarde e incerto
Transformei minha vida em um deserto.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Confusão

Pensamentos desnorteados
Sentimentos alvoroçados
Confusão predomina
Contamina meu âmago
Dói-me n’alma
Corrói meu cerne
Doido, prestes a surtar
Já não me controlo
Não mais me conheço
Frases nunca ditas!
Coisas nunca vistas!
Ações, emoções...
O mundo gira, mas se tudo passa,
Por que não me sai da mente?
Por que teimas em me ensandecer?
Palavras preciso ouvir
Voz do silêncio
Fantasma do passado recente (presente)
Agora ausente, somente na realidade
Espectro de afabilidade
Habita no meu peito
Alimentando-se da minha saudade
Meu tormento é um desalento
Causado pelo sofrimento
De um sonho que, insistentemente, eu sonho só.