quarta-feira, dezembro 02, 2015

O quarto

Passo as noites só, insone
No anseio de te reencontrar
É triste o leito vazio
Um quarto estranho, uma cidade estrangeira
Pela janela quase vejo um castelo
Num delírio penso ser o nosso lar
Uma morada em tempos antigos
Quando tínhamos todas as noites para nos amar

Sei que estás chegando
Borboletas voam e o dia começa a se alegrar
Quando chegas, trazes o sol nos teus olhos
Irradias o ambiente com amor
Aqueces o meu coração
Colocas fim à escuridão

Segurar tuas mãos é o momento mais sublime do meu dia
Teu sorriso, tuas risadas são o meu alimento
Na cumplicidade de dois amantes
O tempo flui preguiçoso
Vagaroso como o Tejo lá fora

Como em um encantamento que limita a felicidade
O crepúsculo é o prenúncio do fim
Suplico. Não vás! Fiques!
Ouças eu falar que te amo!
Uma última vez
Partes, eu fico
Os olhos já não te vêm
Tua voz não ouço mais
De ti, apenas o perfume
Ainda vivo no ar
Fugaz, inebriante

Queria que levastes-me contigo
Não suporto outra noite distante
Mas tudo que levas são as cores do Outono
E o sorriso dos meus lábios
Vejo os antigos casarões ficarem cinzas
Vejo faces desconhecidas sem esperanças
Sinto o frio cobrir o meu corpo
O peito aperta
Pesa o coração
Outra vez eu, lua, solidão
Prontos a te esperar em um novo dia