quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Pequenos detalhes


É engraçado como nós nos prendemos a coisas tão sem significado e tão sem importância. Passamos a vida inteira almejando sermos ricos, bem sucedidos, cheios de mulheres gostosas. Nossas tentativas de ser feliz, basicamente, resumem-se a isso: sonhos consumistas induzidos por uma mídia desprovida de responsabilidade cívica e social. A mídia nos induz a pensar que a verdadeira felicidade é aquela mostrada por eles em suas produções. Que ser feliz é ser rico, ter carro importado, ter um casarão, ter uma mulher gostosa (de preferência mais de uma), ir a várias festas... Estas são as idéias de felicidade, que nos são passadas. Desde crianças vemos e ouvimos isto, somos obrigados a engolir tudo isto, sem ao menos poder questionar o que é certo e o que é errado, pois não nos é dada, a base intelectual para que possamos entender e compreender, e só assim filtrar o que nos é transmitido. Crescemos com estas idéias fixas em nossas mentes, e seduzidos com o modo de vida dos personagens das novelas e dos “artistas”, que os interpretam, partimos em uma busca desesperada, tentando encontrar algo que preencha uma lacuna existente nas nossas vidas. Buscamos a felicidade nos lugares mais longínquos e inalcançáveis, sem jamais nos darmos conta de que ela pode estar bem à nossa frente. Talvez seja por isso mesmo que nós não a notamos, pois ela está tão perto e tão à vista que ela passa desapercebida. Acabamos não dando valor, achando que isso que temos em nosso cotidiano, não se equipara ao que nos é mostrado pela mídia. E a maior prova de tudo isto eu tive alguns dias atrás. Era dia das mães, liguei para minha casa (em Laguna – SC) e falei com minha avó (minha mãe não estava em casa). Algo normal, simples, extremamente simples, mas que me emocionou de uma maneira tão diferente. Senti-me feliz por estar falando com ela, feliz por ouvir sua voz, feliz em saber que todos em casa estão bem, feliz por ter uma família e por ter amigos. Algo extremamente simples, que a maioria das pessoas têm e não valorizam.
Eu sou um cara que sempre valorizou as amizades, mas devo confessar que depois que vim para cá, passei a valorizar muito mais. E a prestar mais atenção aos pequenos detalhes da vida. Talvez seja, por estar morando sozinho, talvez seja, por estar longe das pessoas que eu goste, ou talvez seja, apenas fruto de um amadurecimento causado por tudo isto. Mas o certo é que sinto algo diferente, difícil de ser explicado. Se estou triste, um simples telefonema como o acima citado, ou de um amigo como o Boca, que me ligou dias atrás quando eu estava na aula, me faz feliz. Fico muito contente em abrir meu e-mail (coisa que não tenho feito diariamente devido à falta de tempo) e ver várias mensagens dos meus amigos. Uns perguntando como vão as coisas, outros perguntando quando eu vou aparecer em Laguna e outros mandando só putaria (né Zulemão e Boca). Mais contente ainda, fico ao entrar no mIRC. Pois encontro toda gurizada e posso conversar com toda a galera. Mensagens assim vão surgindo na tela, em cada PVT que se abre:

- daeeeeeeee bixonaaaaaa
- dae tanga froxa
- oiiii meu quirido
- oi sumido! quanto tempo hein?
- falaaaaa feioso
- oiiii miguxo, jah tava com xodades


E a cada mensagem que surge diante de mim, vou rindo e descontraindo cada vez mais. Ficando feliz, por saber que não fui esquecido e saber que por mais insignificante que tenha sido minha passagem na vida destas pessoas, elas têm um pouco de consideração por mim. Fico feliz em saber que tenho amigos, não pelo que eu tenho (já que eu não tenho merda nenhuma mesmo), mas sim pelo que sou. No mIRC posso perguntar como eles estão, desabafar e ouvir (lê-se ler) desabafos, falar (lê-se escrever) e ouvir (lê-se ler novamente) besteiras, dar boas risadas, fazer novas amizades, reafirmar as antigas e fortalecer os laços das mais recentes. Só tenho a agradecer por conhecer pessoas tão maravilhosas, família, amigos, pessoas que marcaram e que estão marcando minha vida. Não citarei nomes porquê é embaçado, posso acabar esquecendo de uns e outros, mas quem estiver lendo saberá de quem estou falando e saberá se está ou não, neste seleto grupo de pessoas especiais. Que para alguns pode não representar e não valer nada, mas que para mim tem um valor incomensurável!

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